E no meio do furacão que nos alcança diariamente somos muitas vezes tolhidos de um sentido básico: a sensibilidade.
Como pode ser correr tanto para tudo?
Como fazer com que dê tempo de fazer tudo aquilo que temos, por obrigação, fazer?
Primazia é palavra que tem prazo de validade por cair, dia destes, em desuso.
Cabe apenas aquilo que o tempo permite – esta é a questão.
Sábio é aquele que melhor administra seu tempo...Esta é a diferença; o ponto crucial.
Aqueles que são verdadeiramente senhores do seu tempo, provavelmente caminham em paz e tranqüilidade. Acredito assim.
Louvemos o verbo, o fazer, a ação que em si mesmo acolhe o cumprimento de metas, tarefas e intenções. Pois o que realmente importa é o fim, e não o meio. A realização não comporta em estado de obrigação o capricho, o garbo, a excelência.
Faça. Isto é o bastante. Ou parece ser...
E toda a sua necessidade de primor, jogue fora. Porque simplesmente não há tempo.
Somos atropelados cotidianamente e ininterruptamente. No beijo corrido, no abraço esquecido, na palavra não dita.
E quem perceberia?
A ditadura é severa e tantas vezes sorrateira com golpes certeiros e magistrais.
Somos quase que verdadeiramente obrigados a tanta coisa e cada coisa a seu tempo – não o nosso tempo, mas simplesmente no tempo que tem que ser.
Hoje e só por hoje eu me permito a melancolia.